IMPACTOS SUBJETIVOS DIANTE DA PERDA DE UM FILHO SADIO
SANTOS, V. T. R.
Psicologia – Rio de Janeiro
Introdução: A chegada de um filho, seja ele desejado ou não, provoca uma reviravolta quer na vida de uma família, de um casal, ou de sua progenitora. Quando esse filho passa a necessitar de cuidados na Assistência Domiciliar, há um marco na vida de todos os envolvidos, algo modifica o rumo da trajetória. Seja por violência de qualquer tipo ou por doença, a necessidade de um acompanhamento domiciliar coloca o sujeito em uma posição de vulnerabilidade. Em se tratando de um filho, pode acarretar inúmeros adoecimentos psíquicos. Dependendo do diagnóstico e do prognóstico recebido, o cenário acabará por revelar-se como sendo uma experiência psíquica bastante complexa e difícil para os pais, implicando em prejuízos psíquicos para os familiares mais próximos e, consequentemente, para essa relação mãe-filho. Conceitos como angústia, culpa, trauma, o luto pelo projeto do que viria a ser, a dor, a depressão, passam a permear as relações e muitas vezes a dominar por completo a existência do sujeito. O trabalho psicológico irrompe-se nessa fenda, propondo um acolhimento a esse sujeito adoecido pela perda do filho sadio.
Objetivos: Este estudo tem como objetivo identificar os tipos de reações dos familiares diante da necessidade de um atendimento domiciliar pediátrico e as demandas psicológicas advindas desses atendimentos a serem prestados pela equipe multidisciplinar aos familiares e cuidadores.
Metodologia: Estudo qualitativo de natureza empírica baseado nos dados colhidos das visitas pela psicologia em 50 residências do Homebaby.
Resultados: 76% das crianças tinham como cuidador principal as mães, 93% das mães sinalizaram terem ficado angustiadas frente ao diagnóstico ou prognóstico recebido por seu filho, 62% das mães verbalizaram em algum momento das consultas o sentimento de culpa, 47% sinalizaram terem vivenciado o trauma, 10% demonstram ainda vivenciar o luto e aproximadamente 84% demonstram terem sentido dor em alguma etapa desde o acontecimento que acarretou o adoecimento e os dias atuais. 8% apresentaram ou apresentam quadro sugestivo de depressão.
Conclusão: Ao se depararem com seus filhos outrora sadios em necessidade de um acompanhamento domiciliar, muitas vezes sem previsão de alta, os cuidadores acabam por revelarem-se em uma desordem, uma desorganização psico-emocional favorável ao adoecer. O resultado apresentado sugere a necessidade real e concreta de um acompanhamento psicológico a esses cuidadores, propiciando assim possibilidades de resignificação.
Palavras Chave: culpa, luto, trauma, dor, depressão.