A VIOLÊNCIA SIMBÓLICA E O CUIDADOR DO ATENDIMENTO DOMICILIAR PEDIÁTRICO

SANTOS, V. T. R.
Psicologia – Rio de Janeiro

Introdução: A entrada de um filho em atendimento domiciliar provoca mudanças na estrutura familiar. Seja por violência de qualquer tipo ou por doença, a necessidade de um acompanhamento domiciliar coloca os atores envolvidos em uma posição de vulnerabilidade. Dependendo do diagnóstico e do prognóstico recebido, o cenário acabará por revelar-se como sendo uma experiência psíquica bastante complexa e difícil para os pais, implicando em prejuízos psíquicos para os familiares mais próximos e, consequentemente, para essa relação mãe-filho. Pierre Bourdieu nos introduz o conceito de violência simbólica, violência essa suave, insensível, invisível, a suas próprias vitimas, que se exerce essencialmente pelas vias puramente simbólicas da comunicação e do conhecimento, ou, mais precisamente do desconhecimento, capaz de dominar por completo a existência do sujeito. Após cinco anos trabalhando com atendimento domiciliar, verificamos que a maioria dos agentes paternos deixam seus lares e consequentemente suas companheiras e seus filhos que se encontram em AD. Muitas dessas mulheres entram em depressão profunda.

Objetivos: Este estudo tem como objetivo demonstrar como o conceito de violência simbólica de Pierre Bourdieu, nos ajuda a compreender os casos de abandonos dos agentes paternos quando seus filhos adentram em AD.

Metodologia: Estudo qualitativo de natureza empírica baseado nos dados colhidos das visitas pela psicologia em 50 residências do Home baby de 2011 a 2016.

Resultados: 76% das crianças tinham como cuidador principal as mães, 82% relatam que foram deixadas por seus parceiros após a necessidade que levou seu filho (a) para AD, 12% apresentaram ou apresentam quadro sugestivo de depressão.

Conclusão: Ao se depararem com seus filhos outrora sadios em necessidade de um acompanhamento domiciliar, muitas vezes sem previsão de alta, os agentes paternos não conseguindo lidar com essa nova dinâmica familiar, acabam por deixarem seus lares e familiares, tendo como consequência uma sobrecarga nos cuidadores majoritariamente femininos e reforçando a violência simbólica explicada por Bourdieu. Essa violência simbólica traduz-se em uma desorganização psico-emocional favorável ao adoecer. O resultado apresentado sugere a necessidade real e concreta de um acompanhamento psicológico a esses cuidadores, propiciando assim possibilidades de ressignificação.

Palavras Chave: violência,depressão.